terça-feira, março 01, 2005

Da loucura e da sapiencia

" XXXVII-Voltemos à felicidade dos fátuos.
Passada a vida com muita alegria, sem sentido nem medo algum da morte, emigram directamente para os Campos Elíseos, e vão deleitar com os seus ludos as almas ociosas e pias.
E comparemos agora a sorte deste louco com o destino dum sapiente qualquer. Escolhei um exemplar de sapiência, um homem que consumiu toda a puerícia e toda a adolescência no estudo das disciplinas, e que perdeu a mais suave parte da vida com vigílias, cuidados, labores sem fim, e que, no resto da vida, se viu privado até de menor prazer; foi sempre parco, pobre, triste, tétrico, iníquo e duro para consigo, grave e desagradável para com os outros; pálido, macerado, valetudinário, envelhecido muito antes do tempo, com a vida prestes a fugir-lhe. Aliás, que lhe importava morrer, se nunca viveu? Aí tendes a grégia imagem daquele sapiente."

in ELOGIO DA LOUCURA, Erasmo (1466-1536)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Existe sempre aquela ideia fácil na nossa idade, de, ou uma pessoa dedicar-se ao estudo ou "aproveitar a vida". Aproveitar a vida está ligado á ideia de uma pessoa se divertir, " de ser feliz". Mais tarde essa liberdade que nós temos hoje em dia de optar pelo rumo da nossa vida , vai.se encortando, á medida que a idade vai avançando. O divertimento fica reduzido ás férias. A Liberdade encurta-se.
Bom.. muitos filosofos encontram a felicidade no saber, tal como muitos cientistas na pesquisa.. tal como outros muitos a fazer desporto..outros a servir as pessoas..e ainda bem que é assim, é sinal de equilibrio. O importante é sem duvida que cada pessoa se sinta bem consigo mesma. Alguem disse, que quando está tudo bem é porque algo está mal. Faz parte, a insatisfação no ser humano, é sem duvida um grande impulsionador para o desenvolvimento , em todos os campos. Felicidade - pede estagnação Infelicidade - pede mobilidade. Quando as coisas mudam , muita coisa melhora, mas outros tipos de felicidade se perdem. Tipos de felicidade que ficam retidos na memória de quem a viveu e sentiu a sua genuinidade.

Baya Danielsen

3:31 da tarde  

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